Falando de Cinema
The Shawshank Redemption, 1994
Um filme que
lida com o triunfo do espírito humano sobre
a adversidade tem uma linha delicada a
percorrer. Se o equilíbrio entre a dignidade
e o sofrimento for mal avaliado, o triunfo
parecerá vazio ou não valerá a pena, tanto
para o protagonista como para o público.
Em The Shawshank Redemption, com
a história de um homem que é condenado a
prisão perpétua numa prisão gerida por um
diretor corrupto, o realizador Frank
Darabont consegue o equilíbrio perfeito. O
filme enfatiza a humanidade em detrimento da
brutalidade e tornou-se um dos filmes mais
populares de sempre sobre o poder da
auto-confiança.
Prisioneiro pouco convencional
Na sua
personagem principal, Andy Dufresne (Tim
Robbins), o filme subverte o protagonista
durão de dramas prisionais anteriores, como
Cool Hand Luke (1967) ou Escape
from Alcatraz (1979). Andy, um antigo
banqueiro que foi condenado pelo assassínio
da mulher e do amante desta em 1947, é um
homem sensível e ponderado. A sua força não
é física; deriva da sua crença no direito
inviolável do indivíduo à justiça e a um
tratamento humano, o que lhe permite manter
a sua integridade mesmo quando a sua
situação parece desesperada.
Embora
Andy esteja preso num sistema que procura
esmagá-lo e institucionalizá-lo, o público
tem a impressão de que ele é mais livre do
que muitos dos que estão em liberdade. Nunca
perde a esperança de que a vida pode
melhorar, quer esteja a fazer campanha por
uma biblioteca melhorada na prisão ou a
fazer um acordo com um dos guardas mais
brutais para que os seus companheiros de
prisão recebam uma cerveja depois de um dia
de trabalho. É esta esperança que impele
Andy a virar a mesa contra o brutal diretor
Norton (Bob Gunton), que explora as
capacidades contabilísticas de Andy para
lavar dinheiro. Todas as noites, Andy corta
a parede da cela para realizar uma fuga que
está a ser preparada há 20 anos. A sua
determinação também inspira o seu amigo Red
(Morgan Freeman) a encontrar a sua própria
redenção.
The Shawshank Redemption (trailer)
Frank Darabont, 1994
Pagar o preço
Em contraste, o
companheiro de prisão Brooks Hatlen (James
Whitmore) está tão dependente das certezas
da vida na prisão que teme a sua libertação.
Quando Brooks é libertado em liberdade
condicional, em 1954, é mostrado a tentar
atravessar uma estrada, chocado com a
velocidade do trânsito, submerso num mundo
enorme. Brooks não é fraco nem cobarde, mas
não sabe como lidar com a situação.
O
tempo passado na prisão pode mudar as
pessoas, muitas vezes para pior, e é isso
que torna a fortaleza de Andy tão milagrosa.
The Shawshank Redemption sugere que é
possível uma pessoa manter o seu valor
próprio, mesmo nas circunstâncias mais
difíceis, e manter a sua humanidade, mesmo
perante o tratamento mais desumano.
Frank Darabont,
Realizador.
Filho de
imigrantes húngaros,
Frank Darabont nasceu em
1959 num campo de
refugiados em
Montbéliard, França, e
mudou-se com a família
para os EUA ainda
criança. Começou a sua
carreira com vários
trabalhos em cenários de
cinema, incluindo como
assistente de produção
no filme de terror
Hell Night (1981). A
sua primeira
longa-metragem completa
foi The Shawshank
Redemption, uma
adaptação de um conto de
Stephen King. Este filme
trouxe-lhe aclamação
mundial e uma nomeação
para um Óscar. Dirigiu
mais adaptações da obra
de King em The Green
Mile e The Mist,
antes de trabalhar na
série de terror
televisiva The
Walking Dead entre
2010 e 2011.